23 maio 2013

Nós Assistimos: Somos Tão Jovens

 Quando adolescentes, todos nós cultivamos alguns sonhos. 
Esses sonhos geralmente dividem uma infância tranquila de uma vida adulta tediosa.
Nessa fase da vida aparecem novos pensamentos, moldando muito do caráter de cada um, criando uma identidade que é muitas vezes encarada como rebeldia.

Essa rebeldia não é algo gratuito, na maioria das vezes, ao menos é o que eu penso. É sim, uma forma de tentarmos simplesmente encontrar um lugar no mundo.
O filme "Somos Tão Jovens" não só é um retrato dessa rebeldia, mas como também um enorme tributo a um dos mais cultuados compositores do rock nacional, Renato Russo. E essa rebeldia em questão realmente não é vã, pois se revela justamente na época da ditadura militar no Brasil, bem contextualizada no filme.

De ponta a ponta de filme vemos o garoto tendo como enorme paixão à música, usando-a como uma forma de escapismo da solidão nesse país em que não se encaixa. Música como forma de expressão.
Thiago Mendonça ficou impressionante como Renato, encarnando um jovem cheio de ternura, dedicação e com uma vida um tanto quanto conturbada.
Um Renato que representou e ainda representa (por que não?) muitos dos adolescentes.
Os primeiros acordes são dados no filme, que mostram o trecho da vida do artista, que abrange desde seu início de carreira com a banda punk, Aborto Elétrico, passando pela fase de Trovador Solitário e culminando mais tarde na clássica Legião Urbana, com o bônus de nos mostrar outros músicos importantes do cenário musical do Brasil, como Capital Inicial, Herbert Viana, do Paralamas do Sucesso, o que não é ao acaso, mas dá uma sensação de que parte daquilo continua existindo e sendo documentos vivos daquela época. 

Como cinebiografia de um músico, a trilha sonora não poderia ser diferente, se tornando um presente aos fãs, colocando o próprio Thiago Mendonça como interprete das canções.
E o ator não só convence, como consegue nos comover, fazendo com que acabemos por sentir empatia pelo personagem.
Digo personagem, pois apesar de toda a importância de Renato Russo, sou de uma geração que não teve tempo de presenciar um show dele ou da Legião Urbana, sendo assim, seu nome vai além de um simples nome e se eleva a um ícone do rock nacional.
O único ponto que me incomodou um pouco, foi a maneira de como algumas citações foram encaixadas no filme, parecendo um tanto quanto forçadas, banalizando um pouco da obra do artista e nem sequer me convencendo de que foram retratadas com alguma semelhança com o que realmente aconteceu naqueles momentos.

Alguns diálogos registrados em discos ao vivo da banda, acabam fazendo bastante sentido depois de ver o filme.
Óbvio que devem haver fãs para os quais não será muita novidade qualquer coisa que é exibida na história, porém o longa se torna mais do que uma simples cinebiografia (até porque não conta toda a vida do Renato) contando o início da Legião Urbana, chegando ao status de tributo ao mesmo.

Os minutos finais do filme te indicam que vai bater aquela vontade de ir pra casa e querer um pouco mais. 
Terminando com um gosto de 'quero mais', que pode ser saciado ouvindo um disco da banda, talvez, desvendando um pouco mais dessa história, não será difícil ver espectadores comovidos entonando nos minutos finais um dos hinos da banda.
Aqueles que, como eu, não tiveram a oportunidade de conhecer Renato Russo ao vivo, acabem talvez, pelo clima do cinema, sentindo um pouco do que seria vê-lo em carne e osso.